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Foguetes e cabeçudos
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Barreiro em Festa.
Sol e calor em tarde de quarta-feira, 16 de Setembro de 1970. Apesar do horário laboral, 7.000 espectadores concentraram-se no Campo D. Manuel de Mello para assistir à primeira participação do FCB numa competição oficial da UEFA.
O Dínamo de Zagreb, equipa jugoslava com alguma experiência internacional, deslocou-se ao Barreiro para defrontar o neófito FCB, em jogo relativo à 1ª eliminatória da edição 1970/1971 da Taça das Cidades com Feira – hoje denominada Taça UEFA.
Tambores e foguetes, cabeçudos, banda de música e fanfarra dos bombeiros, forneceram um ambiente peculiar, nunca antes vivido naquele espaço.
Em superação e num jogo de boa qualidade, a nossa equipa, treinada pelo brasileiro Edsel Fernandes, galvanizou-se e venceu com dois golos sem resposta, o primeiro por Serafim ainda na primeira parte, o segundo por Câmpora no penúltimo minuto, com uma execução que jamais esquecerei. Um golaço!
Não foi, em minha opinião, a nossa vitória mais transcendente, mas foi, pelo seu circunstancialismo histórico, uma jornada muito bonita que presenciei no lugar cativo do meu pai que não pôde comparecer por motivos profissionais.
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A Bola de 17 de Setembro dedicou largo espaço a este jogo, pela pena de Homero Serpa e de Santos Serpa:
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Glorioso caloiro entra pela porta grande (2-0)
Era dia de festa no Barreiro. O Barreirense, menino bonito da laboriosa vila, quis que a sua estreia em competições internacionais ficasse inesquecível do seu público, do seu fiel público que nunca o desamparou mesmo quando na 2ª divisão, se esforçava, se batia para voltar ao convívio daqueles que sempre o tiveram como adversário.
(crónica de Homero Serpa)
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Quando a partida terminou, a hora era de euforia. O público debruçava-se no parapeito sobre o túnel que levava às cabines para uma última manifestação de apreço à sua equipa.
(reportagem de Santos Serpa)
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Duas semanas depois, o avançado uruguaio Câmpora torna a marcar e o FCB podia ter chegado ao intervalo a vencer por 0-2, não fora a invalidação de um golo regular de Serafim, rápido e acutilante ponta de lança.
Na segunda parte, com a complacência do alemão Helmuth Bader, o Dínamo efectuou um exemplar volte-face perante os seus 15.000 fiéis, com seis golos sem resposta.
A violência dos jugoslavos e a habilidade do árbitro foram denunciadas pelo treinador Barreirense, que à reportagem de Justino Lopes (A Bola) declarou que “trouxemos 11 jogadores em vez de 11 pugilistas” para concluir, amargurado e vencido, “hoje, aqui em Zagreb foi um exército a jogar futebol e outro a fazer guerra”.
Terminara com honra, mas sem brilho, a única participação do FCB nas competições europeias.
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Paulo Calhau
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[Texto inserido no livro PROVA DeVIDA – ESTÓRIAS E MEMÓRIAS DO MEU BARREIRENSE, e publicado na edição do JORNAL DO BARREIRO de 2 de Julho de 2010, na série RECORDAR E VIVER, alusiva ao Centenário do Futebol Clube Barreirense]
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