sábado, 26 de junho de 2010

Um novo guião para o Século XXI



Confesso, sou um optimista!
Digo-o desde já para alertar que este texto não é um carpir de mágoas ou lembrar como antigamente “é que era”. Vejo neste segundo século de vida do Barreirense a oportunidade do clube renascer e se reafirmar como uma organização central na vida da nossa cidade, deixando para trás hábitos e costumes que fizeram parte do nosso quotidiano do século que agora vira. Porque a nossa cidade mudou, porque o nosso país mudou, porque o nosso Planeta mudou. Nós também temos que mudar!
Faço a mim próprio com uma grande regularidade quatro perguntas que aprendi serem importantes para aferir se nos mantemos competitivos na nossa área de actuação. (i) Preciso de justificar a minha acção para que outros percebam o valor que trago com o meu contributo? (ii) Continuo a querer relacionar-me com outros parceiros neste novo século da mesma forma que o fazia no século passado? (iii) Acredito que a sociedade mudou e as pessoas mantiveram os mesmos hábitos? Como me adapto? (iv) Estou a criar valor com a minha acção ou simplesmente existo?
Acredito que o FCB necessita igualmente de perguntar se realmente se adaptou a este novo século ou se continua a utilizar velhos hábitos numa nova sociedade. Necessita de saber como as necessidades da população que serve evoluíram e o que se espera que um clube como o nosso possa oferecer. Perceber o que nos distingue de toda a concorrência. Fornecer o que temos de melhor em troca do que as pessoas têm para dar, criando bases para que todos possam ganhar nesta relação. E numa era de desemprego e incerteza quanto ao futuro não é líquido que o que as pessoas têm para dar seja aquilo que lhes é pedido. Precisamos cada vez mais de conhecer quem são os Barreirenses, de que gostam, o que fazem, que serviços lhes poderemos prestar para lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida, que valor lhes acrescentamos por serem nossos sócios e por fazerem parte da nossa família.
Há a crença nas tendências de mercado para este século de que uma parte considerável de serviços prestados às pessoas terão que ser grátis para que as receitas aumentem nas organizações. Confuso? Apenas se continuarmos a glorificar o Euro como desígnio máximo da nossa actuação.
Temos urgentemente que redefinir o guião do clube neste seu novo século para que a sua máxima riqueza seja o de ser capaz de chamar a si o recurso mais importante de todos: o Humano. Voltemos a acolher nos nossos braços e dentro da nossa família o maior número possível de pessoas. Pediremos em troca o que tiverem para contribuir. Sejamos capazes de criar modelos de participação gratuitos e um regime de prestação de serviços integrado que vá de encontro às expectativas das pessoas. Sejamos um clube de pessoas para (cada vez mais) pessoas de modo a cultivarmos relações mais fortes, um pensamento mais plural e uma base tão alargada que não pode ser ignorada. Entendamos a nossa força!
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Frederico Rosa
Membro da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário
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[texto publicado no jornal O BARREIRENSE - edição comemorativa do 99º aniversário]
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