sábado, 15 de maio de 2010

Recordar e Viver (IV)


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De baliza a baliza
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O Centenário do Futebol Clube Barreirense tem reavivado na minha memória histórias deliciosas (pelo menos para mim), que tenho aproveitado para contar, não tanto aos da minha idade (sabendo no entanto como é gostoso relembrar) mas em especial aos mais novos.
Vem isto a propósito de uma jornada muito bem sucedida a que não assisti e que se passou no dia 4 de Janeiro de 1970, simplesmente porque estava a fazer uma viagem militar que me levou de Elvas ao Porto. O meu acompanhante no comboio, era um amigo de Setúbal, Daniel Avenida da Silva que, ia-me dando informações dos jogos, pois estava a ouvir a rádio. Estávamos na segunda volta e o jogo era contra a Académica (na primeira volta o Barreirense, que nesse ano conquistou o quarto lugar, tinha tina vencido em Coimbra por 3-1).
Nesse jogo o Barreirense fez o 1-0. Depois a Académica empatou e mais tarde disse-me ele assim: olha, foi golo do Bento. Eu reagi, lamentando a pouca sorte pelo auto-golo e então ele disse: não, foi o Bento que marcou o segundo golo do Barreirense, mas na baliza da Académica. Está aqui explicada a razão desta crónica. O Barreirense viria ainda a marcar mais dois golos e venceu o jogo por 4-1.
Ficou célebre aquele golo do Bento marcado à Académica de baliza a baliza. Falta relatar a parte negra desta história. O defesa direito da Académica, Artur, partiu a perna ao nosso extremo-esquerdo Rogério que, mais tarde, por ironia do destino, se transferiria para a Académica. Recordar alguns jogadores dessa equipa que alcançou para o Barreirense a melhor classificação de sempre será também um exercício salutar. Na baliza, Bento, na defesa, Murraças, Bandeira, Almeida e Patrício. No meio campo, João Carlos, José João e Luís Mira. No ataque, José Carlos, Serafim e Rogério. Havia, é certo, mais jogadores como Xico Candeias, Azevedo, Faneca, Farias e Bolota. Se algum ou outro nome me falhar, peço desculpa mas socorri-me duma bela foto da época que guardo religiosamente e que ficará comigo para sempre.
Fica assim contada uma bonita passagem das muitas que o Barreirense teve na primeira divisão onde chegou a ser um clube de top, imediatamente a seguir aos grandes, em especial no tempo em que o Barreiro era um alfobre de jogadores.
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José Guerreiro
Oiã
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(Texto publicado no JORNAL DO BARREIRO de 14 de Maio de 2010, coluna Recordar e Viver)
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