quarta-feira, 5 de maio de 2010

Recordar e Viver (II)


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A última vitória
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No dia 26 de Março de 1972, Campo D. Manuel de Melo, completamente esgotado. Dia do Clube e o jogo não era para menos. Recebíamos o ainda invicto Benfica, nas suas épocas ainda de ouro, com uma equipa fortíssima e um apoio enorme que deixou o nosso campo a rebentar pelas costuras, enchentes que hoje já não existem praticamente.
Na jornada anterior, 19 de Março, tínhamos ido ganhar a Santo Tirso por 1-0, com um golo do incontornável Serafim.
O guarda-redes era o Manuel Bento, esse pequeno ribatejano que despontou para os grandes palcos no clube da nossa terra.
Na primeira parte, um lançamento de Câmpora deu origem a uma cavalgada de meio campo de Serafim, direito à baliza de Zé Gato e com o Humberto Coelho e o Messias a darem-lhe pancada que ele suportou e, à entrada da área, perguntou ao guarda-redes benfiquista para que lado é que ele a queria e fez o 1-0.
A partir daí e até final foi um sufoco e um sofrimento inesquecíveis e a defesa do Barreirense onde pontificavam entre outros, o Bandeira, o Patrício, aguentou-se estoicamente até final. O golo aconteceu na baliza do lado do jardim (topo norte) onde o Artur Jorge (o homem do pontapé de moinho), chegou a atirar à barra na segunda parte e, no final, quando a mais que indecente arbitragem dava minutos na expectativa de ajudar o Benfica a empatar, Serafim isolou-se e perdeu por uma unha negra, o dois a zero, na baliza do topo sul.
Quando o apito final se fez ouvir, eu e o meu pai, caímos nos braços um do outro e chorámos emocionados, tal era a satisfação de ver o nosso querido e modesto Barreirense ganhar a um clube de topo.
Esta é uma história simples mas que tive a ventura de viver. E tem tanto valor, na medida em que é muito difícil ganhar um jogo a uma equipa das grandes. Depois dessa época o Barreirense, poucas mais épocas fez na primeira divisão. Salvo erro mais quatro. Mas ganhar ao Benfica em jogos oficiais em seniores, nunca mais ganhou. Por isso merece realce e daí este título encontrado para a minha história. Decerto há ainda no Barreiro, muita gente que assistiu a esse jogo e espero que estas minhas modestas linhas os façam sorrir com alguma alegria misturada com alguma saudade e nostalgia. Outros tempos…

José Guerreiro
Oiã

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(Texto publicado no JORNAL DO BARREIRO de 30 de Abril de 2010, coluna Recordar e Viver)
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