quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Recordar e Viver (XXV)


.
Um final de jogo louco e inédito
.
Conforme tínhamos prometido, aqui estamos a lembrar um acontecimento nunca antes visto até então e que na altura foi muito comentado e discutido.
Depois do Barreirense ter conquistado, pela primeira vez na sua história, o Campeonato Nacional de Juniores Masculinos na época anterior (1953/54), os alvi-rubros aproveitaram essa embalagem e partiram decididos para a defesa do título, até que se chega à Final, de novo com a Académica de Coimbra mas, desta vez, e devido a uma alteração à sua forma de disputa, a mesma seria decidida à melhor de dois jogos.
No primeiro jogo, disputado a 9 de Julho de 1955, em Coimbra, o Barreirense tinha perdido por 4 pontos (42/46), transferindo a decisão do título para o segundo jogo a ser realizado a 10 de Julho, no Barreiro, no campo de terra batida que ficava localizado por debaixo da bancada sul do Campo D. Manuel de Melo, em virtude de obras que estavam a decorrer no Ginásio.
A partida foi emocionante, como seria de prever, e o muito público teve o privilégio de assistir a jogadas espectaculares e, a menos de dois minutos do fim, a partida estava empatada a 26 pontos. O empate servia os interesses dos locais já que obrigava a um prolongamento, onde podiam recuperar e ultrapassar a diferença de quatro pontos verificada na primeira partida. No entanto, e por indicação vinda do banco dos estudantes, estes agarraram na bola e, para surpresa geral, introduziram-na no seu próprio cesto, passando o Barreirense a ganhar por 28/26 e, desta forma a Académica era campeã. A surpresa foi geral. Entretanto a posse de bola era do adversário que começou a deixar passar os segundos, mas os alvi-rubros apossaram-se da bola, mas sem saberem o que deveriam fazer, até que veio a ordem do técnico Albino Macedo, aconselhado por Martiniano Domingues: metam também a bola no nosso (do Barreirense) cesto. Para espanto geral, e querendo impedir que o Barreirense metesse a bola no seu próprio cesto, a Académica passou a defender este cesto, mas não teve sucesso e os alvi-rubros acabaram por empatar o jogo a 28 pontos, terminando o jogo empatado e obrigando a um prolongamento, que era o objectivo do Barreirense, e o subsequente prolongamento chegou ao fim com o resultado favorável aos donos da casa por 34/28 e, desta forma, estes conseguiram o seu segundo título de Campeão Nacional de Juniores Masculinos da época de 1954/55. Esta foi uma partida digna de figurar como um acontecimento histórico devido ao seu ineditismo.
Actualmente, a marcação propositada de uma equipa no seu próprio cesto é sancionada com violação e os pontos anulados.
A equipa do Barreirense, orientada tecnicamente por Albino Macedo, alinhou com Manuel Pereira (5), João Soares (7), Leonel Almeida (4), Vitorino Santos , Sérgio Bravo (2), Francisco Ferreira (3), José Vicente (11) e Armando Soeiro (2).
.
José Seixo
.
[texto publicado no JORNAL DO BARREIRO na série RECORDAR E VIVER, alusiva ao Centenário do Futebol Clube Barreirense]
.